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domingo, 19 de maio de 2019


A LIÇÃO DE BERARDO


Joe Berardo não é um chico-esperto em terra de saloios, ao contrário daquilo que ostensivamente julga. Mas também não é a ovelha negra num rebanho de gente séria. Berardo é o saloio num palco de saloios, onde aventureiros morais como ele são tratados como empresários, venerados como mecenas das artes e distinguidos como comendadores da nação. O seu feito, ao ter conseguido tudo isso e ainda devolver os mimos com que foi tratado com aquele riso alarve de quem acredita que nos comeu a todos por parvos, não é de grande monta. Foi só uma questão de estar no lugar certo no momento certo e no meio da gente certa. Hoje, quando ele (e seguramente orgulhoso) foi erigido ao estatuto de bandido-modelo da nação, o que importa questionar é o tipo de clube-nação que o permitiu.

O comendador, condecorado por dois Presidentes da República pelo seu mérito empresarial ou pelo contributo para a riqueza do país, jamais foi empresário de coisa alguma e jamais acrescentou um euro à riqueza colectiva. Foi sempre e apenas um especulador financeiro em benefício próprio exclusivo, que nunca criou uma empresa, uma chafarica, um posto de trabalho. Tudo isso era sabido desde sempre e foi, sabendo-o, que Eanes e Sampaio lhe puseram ao peito dois símbolos do reconhecimento pátrio — em nosso nome. Mas hoje, erigido em símbolo das malfeitorias e padroeiro dos caloteiros, e à beira de perder o seu tão estimado título de comendador, Berardo pode dizer que nem ele está só nem Eanes e Sampaio estão sós. Metade, seguramente, da lista destes supostos heróis da pátria, feitos comendadores por todos os Presidentes sem excepção, são gente que de modo algum se recomenda. Metade deles foi distinguida pelos mais inconfessáveis motivos: compadrio pessoal, compadrio político, compadrio financeiro, compadrio maçónico, cunhas e pagamento de dívidas. Os membros do “Clube da República”, como um dia aqui lhe chamei, dedicaram-se ao longo de décadas a nomearem-se uns aos outros para os lugares mais apetecíveis do Estado, a financiarem-se uns aos outros, a cobrirem-se uns aos outros, a negociarem uns com os outros, a criarem um sistema cruzado de impunidades e irresponsabilidades e, para finalmente enganarem os tolos, a elogiarem-se e distinguirem-se uns aos outros. No final do processo, os Presidentes da República, levados ao engano ou incapazes de resistir às pressões dos amigos do “Clube da República”, enfiaram-lhes no peito uma certidão de cidadãos exemplares, funcionando como uma espécie de indulgência plenária para eventuais malfeitorias, passadas ou futuras.

No caso de Berardo, o cúmulo do ambiente de saloiice geral que sempre o rodeou e cortejou foi a história da Colecção Berardo. A dita Colecção (e isto é, obviamente, apenas a minha opinião) não tem qualquer valor representativo da arte moderna. Precisamente porque ele não é um coleccionador, mas sim um empilhador de arte, o seu acervo não reflecte qualquer critério de gosto, de conhecimento ou mesmo de paixão pela arte. Mas o homem soube rodear-se de quem, devidamente contratado para tal, tratou de criar uma aura de excelência em volta da colecção que, por simples temor intelectual, ninguém se atreveu a pôr em causa. E foi assim que ele conseguiu a proeza de resolver o seu problema particular de onde guardar aquilo, à custa de todos nós. Num contrato negociado directamente entre o assessor cultural do primeiro-ministro de então, José Sócrates, e o conselheiro de arte e avençado de Berardo — (que, por incrível coincidência, eram uma e a mesma pessoa) — o “mecenas” da arte moderna portuguesa sacou nada menos do que de toda a área de exposição do CCB para guardar e expor a sua colecção sem quaisquer custos. E ainda lhe fez chamar Museu/Colecção Berardo, com entradas gratuitas, de modo a poder dizer que era o mais visitado museu português. E de novo todos se calaram, no terror de atrair sobre si a ira e o desprezo dos ditadorezinhos da nossa “crítica de arte”. Todos, incluindo o director do CCB, talvez também aliviado por não ter de se preocupar mais com a ocupação daquele espaço. E foi assim que o CCB — o mais caro equipamento cultural que alguma vez pagámos — nunca mais viu uma exposição, hipotecado que está há dez anos a servir de arrecadação e promoção pessoal do comendador. E por ali têm desfilado todos os notáveis da pátria, em ocasiões festivas de homenagem ao “mecenas”.

Nunca gostei de bater em quem está em baixo, mas há aqui razões para uma excepção: primeiro, porque muito disto já o tinha escrito quando ele estava em cima e, depois, porque Berardo não está em baixo: está em cima de uma dívida de 1000 milhões, que, deliberadamente e de má-fé, tornou incobrável, pavoneando-se ainda orgulhoso da sua espertice. Claro que tudo isto seria diferente se o homem tivesse o mínimo de vergonha e decoro. Se, para ele, ser apontado na rua como o rei dos caloteiros lhe causasse algum incómodo. Mas esta é a mesma pessoa que há anos enfrenta os condóminos do seu prédio e as sentenças dos tribunais, recusando-se a derrubar uma casa-de-banho clandestina que ergueu no topo do prédio, com vista de rio, invocando, sem pudor, o princípio constitucional de que “todos têm direito a uma habitação condigna”. Habitação de que, aliás, garante ser apenas arrendatário, pois que nada tem de seu, nem sequer um euro de dívidas ou até a mítica Quinta da Bacalhoa, construída pelo filho de Afonso de Albuquerque e que o Estado Português deixou ir à praça sem comprar, para acabar nas mãos deste benemérito, que logo a fez rodear de muros e cercas, como se fosse seu dono — o que, como garante, também não é. Mas Berardo é o que é e que todo o país teve ocasião de ficar a conhecer agora mais intimamente. Não se lhe pode exigir mais do que aquilo para que nasceu e de que não se envergonha, antes pelo contrário.

Os responsáveis maiores, os que não têm perdão, são os que o financiaram para assaltar o BCP, sobretudo os que o fizeram com o dinheiro dos contribuintes. Os que lhe deram o CCB como arrecadação privada. Os que o cortejaram, privilegiaram, promoveram e distinguiram. E os que o ajudaram, num longo, sinuoso e degradante processo de calotice transformado em forma de vida. E é o espírito do tempo de um país onde somos muito rápidos a fuzilar os poderosos e ricos que caem em desgraça, mas jamais questionamos a origem do seu dinheiro e do seu poder enquanto eles estão na mó de cima. Um país onde paga mais imposto quem vive exclusivamente do seu trabalho do que quem vive da especulação. Onde tantas empresas, tantos negócios e tantas fortunas não existiriam sem o favor do Estado, o dinheiro do Estado, as dívidas ao Estado. Um país onde quem esconde milhões lá fora para fugir ao fisco recebe, em o vento estando de feição, um atestado de cidadão cumpridor se trouxer o dinheiro de volta, pagando apenas 7,5% de IRS. O tal país do “Clube da República” onde se perdeu, simplesmente, o conceito de honra e a noção de vergonha. O país reflectido naquela inesquecível gargalhada com que ele nos contempla: “Ah, ah, ah!”. O país dos Berardos.


Miguel Sousa Tavares
Expresso, 18.05.2019

quinta-feira, 5 de julho de 2018

CEME exonera Comandante do RCmds ?                          
 Resultado de imagem para comandos

Cor Pipa Amorim terá sido afastado do Comando do Reg. de Comandos


Os que me conhecem sabem que sou adepto do uso pleno da língua portuguesa evitando, é certo, o vernáculo mais castiço. Mas hoje, que me desculpem os mais sensíveis não encontro linguagem mais polida que a que se segue para exprimir o que sinto...

É sabido que a partir de determinado nível de acumulação, a merda vem ao de cima. Após mais de três décadas de acúmulo, a grande fossa em que quiseram transformar este país, entupiu. Transbordou. E a bosta libertada vai-se agarrando ao Governo, à Administração, às Direcções, às chefias. O resultado é o desgoverno que temos, a protecção civil que não temos, as Forças Armadas que não sabemos se ainda temos. O que sabemos que temos, é um país extraordinário à beira de ser apenas ordinário, povoado por gente habituada a dar novos mundos ao Mundo, mas que agora se vai habituando a não ultapassar os muros do seu quintal, a gritar baixinho a dor de sentir o desmoronar da sua cultura, dos seus valores.
E isto é o que temos.
E não é com certeza o que queremos!...


Até porque o cheiro já está instalado, sigam também o link abaixo e depois descarreguem o autoclismo.

https://www.dn.pt/portugal/interior/chefe-do-exercito-proibe-lancamento-de-livro-na-academia-militar-8617342.html

domingo, 11 de março de 2018

Por Tutatis!

  

A civilização humana vai transbordando do planeta Terra

Mais de 9.000 pedaços de destroços espaciais orbitam a Terra, um perigo que só tende a piorar nos próximos anos, de acordo com cientistas da NASA. Os pedaços de lixo espacial de 10 centímetros ou mais totalizam 5.000 toneladas, de acordo com relatório publicado na revista Science.

Mesmo que todos os lançamentos ao espaço fossem interrompidos agora - e não serão - a colecção de destroços continuaria a aumentar, na medida em que objectos em órbita colidem uns com os outros e se quebram em fragmentos ainda menores, disse um dos autores do trabalho, J.C. Liou, numa entrevista à agência Associated Press.
A área mais lotada de fragmentos encontra-se entre 885 km e 1005 km de altitude, disse Liou, explicando que isso representa um risco menor para os voos espaciais tripulados.

 
A Estação Espacial Internacional orbita a 402 km, e o alcance do vai-vem espacial não supera os 603 km. Mas o depósito de lixo orbital poderá representar um perigo para voos comerciais e científicos. Boa parte dos destroços são produto da explosão de satélites, principalmente estágios superiores deixados em órbita contendo combustível ou líquidos sob pressão.

O lixo é tanto que foi criada a CORDS (sigla inglesa para Centro de Estudos para Detritos Orbitais). Esta agência calcula que Portugal será uma das zonas de impacto prováveis a ser contempladas com a queda da estação orbital chinesa Tiangong-1, prevista para a última semana de Março, primeira de Abril. O lab chinês, além de pesado (umas oito toneladas), também é tóxico.

"Pode haver, entre outras, uma substância altamente tóxica e corrosiva chamada hidrazina, a bordo da nave, que pode resistir à reentrada na atmosfera. Para sua segurança, não toque em qualquer detrito que possa estar no solo e evite inalar os vapores emitidos", pode ler-se em comunicado.


A acontecer, será mais uma sucata chinesa que vai chegar a Portugal sem pagar impostos...






sábado, 13 de janeiro de 2018

EMBOSCADA

 


Arquivo GNR

 

 "Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os Estados sociais, os corporativos e o Estado a que chegámos..."

Salgueiro Maia




Este dia 12 de Janeiro de 2018 vai ficar registado como um triste exemplo do "Estado a que chegámos". Um Estado demissionário dos seus deveres de protecção do cidadão e dos seus bens, antes transformado num Estado incumpridor e cúmplice de esquemas manhosos políticos e económicos lesivos para si próprio, ou seja, para nós todos, portugueses.
Os esquemas são muitos, mas hoje refiro-me àquele que resulta na prática a uma perseguição à Animação Turística.

Neste dia solarengo de Inverno, 30 viaturas 4x4 transportavam os participantes num evento corporativo em direcção à sua aventura com início em Palmela. No último troço da A2 reparámos em algumas viaturas da BT em passagem ou na berma, a última das quais à saída da estação de serviço. Comentou-se até que devia passar-se alguma coisa para tanta movimentação. E passava!...
Depois de sairmos da A2, na N379-2 com a N379 surgiu-nos um aparato de meia-dúzia de viaturas da BT e um pequeno "exército" de agentes. Eu que seguia á frente da coluna e que queria ir para a N379, fiz sinal e encostei-me à esquerda, levando os outros atrás, o que provocou a primeira situação... caricata: três agentes atravessaram a via a correr para nos bloquear o caminho e indicar a berma. Alguém comentou: - Ena! Isto parece uma emboscada! Estão com medo que escape algum?...
Parei na berma. Ainda só estavam visíveis 4 dos que me seguiam, quando o agente me diz: - Chegue mais à frente para caberem os que aí vêm. (?...)
Estranho... mas eu na minha inocência parva ainda pensava que... pronto! Tinha-me calhado hoje a mim!
Enquanto mostro os documentos, o triângulo, o colete e o agente conta os meus passageiros, aprecebo-me que estou entalado numa selva de jipes amontoados em terceira fila. Mandaram parar todos! Gerou-se um caos com carros a apitar e pessoal a reclamar. Os agentes chamam reforços. Resposta via rádio:
- Mas... há violência?
- Não! Só confusão... é que é muita gente.
Os portáteis nos veículos da BT começaram a cuspir papéis. O agente que me atendia pediu-me que o acompanhasse e com um ar solene diz-me:
- Sabe, temos um problema no seu veículo.
- Que problema?
- A capota é branca.
Achei que era uma piada para descomprimir do ambiente tenso e ruidoso.
- E então? Sempre foi branca.
- Não pode. Tinha que ser verde. Vai ser autuado. Paga já ou retenho os documentos... você é que sabe!
Entretanto, ao lado deste agente, outro, menos educado e algo agressivo, pára de teclar a multa de outro perigoso prevaricador para me perguntar em rajada:
- O carro é seu? Isto é um evento? Estão-lhe a pagar?
A minha tampa começou a querer saltar. Contei até um número razoável e respondi com um sorriso cristão:
- Não! São todos meus amigos...
- Você está-me a gozar?
Mantive o meu sorriso cristão.
- O que é que o sr. agente acha?
A coisa começou a azedar. Fui novamente ao carro buscar as papeladas, registos, actividade, seguros. A papelada manteve o sr. agente ocupado durante bastante tempo. Tempo que aproveitei para me dirigir aos outros e constatar que ninguém escapava ao metralhar constante.
- Você está autoado pelos pneus.
- Estão nos 15% de tolererância, sr. agente.
- Humm... então está autoado pelos faróis na grelha.
- Mas, oh sr. agente, os faróis são estética, não funcionam.
- Não tem um botão para ligar?
E abrindo a porta do veículo, convida:
- Faça favor de carregar os botões todos...
Dois veículos à frente:
- Este mata-vacas é proibido, sabe?
- Mas é de origem, sr. agente.
- Pois, vai dar multa e apreensão, sabe?
Ao lado:
- (...) e também não tem cintos atrás...
- Não é obrigatório neste carro.
- Pois... vai ser autuado.
É uma "zona de guerra". E as "baixas" são pesadas. O tempo passa e os nossos horários estão comprometidos. Dirijo-me a um agente que, de mãos atrás das costas, parece apenas vigiar o perímetro e refiro a necessidade de apressar as coisas ao que ele me responde:
- A quinta não foge!
O meu queixo caíu.
- Quinta?
- Ou lá o sítio para onde vão... não foge!
Pois, está visto.

Mais comentários e análises, vou-me abster de fazer. Apenas deixo este relato dos acontecimentos de hoje, mais um dia de trabalho arrancado a ferros mas que termina com um sempre gratificante:
- Muito obrigada. Foi fantástico! Só foi pena não termos visto o pôr-do-sol lá na Arrábida. Mas a culpa não foi vossa. Obrigada.

Quem se anda a vangloriar da recuperação económica, sabe qual a parte que deve às Empresas de Animação Turística.
É feio morder a mão que nos alimenta...




quarta-feira, 19 de abril de 2017


VACINAS

De uma coisa eu tenho a certeza, infelizmente:
- Jamais vai existir uma vacina anti-borreguismo.
E é pena! Porque acabava com a pior epidemia da humanidade e mudava o nosso mundo para sempre.
Nunca existiriam "bruxas de Salem", "11 de Setembro", "armas de destruição maciça", "ataques NBQ" e outras justificações da treta para subjugar culturas/países que não nos querem DAR os seus recursos naturais, não nos deixam construir McDonalds, fábricas texteis com mão d'obra escrava, ou simplesmente não querem adoptar o nosso maravilhoso sistema político-social.
 "- Ah e tal, vamos invadir o Quaquistão porque os quaquistaneses são maus, têm armas químicas e comem criancinhas ao jantar."
 Depois de uma semana a levar com a campanha "Quaquistaneses maus" nos mídia, os não vacinados passam a nutrir um ódio de morte aos perigosos terroristas e estão prontos a pegar em armas para os irradicar do planeta.
 Depois de uma comissão no Quaquistão a derreter munições em tipos de tanga armados de arco e flecha, os paladinos da civilização começam a questionar onde estão os arsenais de armas químicas. E se os selvagens comem criancinhas ao jantar, como é que ainda têm tantas?...
No final da comissão, com alguma sorte, voltam para casa traumatizados com o que viram e fizeram em prol de uma causa que já se lhes varreu. Muitos deles acabam por se autodestruir.
 Mas entretanto, o Quaquistão, agora sem quaquistaneses (livres, pelo menos), abraça o progresso. Inúmeras multinacionais reconstroem o país desde os edifícios à estrutura económica, com muitos poços de petróleo, gaseodutos, bancos, farmaceuticas e centros comerciais. O Quaquistão está finalmente no mapa da globalização económica. Os mídia condecoram heróis, enautecem a paz e o progresso...
Enfim!... há programas de vacinação merecedores da confiança do cidadão e que apenas visam o bem estar geral...
Será?!...


segunda-feira, 20 de março de 2017

Os últimos Ents do Monte da Lua

                             Parque da Pena, Sintra


Juntamente com Fangorn e Finglas, Fladrif foi um dos primeiros Ents a aparecerem na Terra-média. O seu nome significa, em Sindarin, Casca-de-Pele, e ele vivia nas encostas das montanhas a oeste de Isengard. Os orcs atacaram o seu vale, matando muitas árvores e Ents, e ele próprio foi ferido. Foi então que subiu para lugares altos, para viver junto das bétulas, suas preferidas, e não mais desceu de lá.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017



Só uma língua rica e madura (mesmo a lamber as feridas do AO90) consegue transmitir sons e sensações como se ao ler, tivéssemos acesso ao "soundtrack" da cena:


               CAPUCHINHO VERMELHO vr. DREAD

Bello Regno by L'Oreal

"Tás a ver uma dama com um gorro vermelho? Yah, essa cena!

Então a pita foi obrigada pela kota dela a ir à toca da velha levar umas cenas, pq a velha tava a bater mal, tázaver?
E então disse-lhe:

- Ouve, nem te passes! Népia dessa cena de ires pelo refundido das árvores, que salta-te um meco marado dos cornos para a frente e depois tenho a bófia à cola!

Pá, a pita enfia a carapuça e vai na descontra pela estrada, mas a toca da velha era bué longe, e a pita cagou na cena da kota dela e enfiou-se pelo bosque. Népia de mitra, na boa e tal, curtindo o som do iPod…
É então que, ouve lá, salta um baita dog marado, todo chinado e bué ugly mêmo, que vira-se pa ela e grita:

- Yoo, tá td? Dd tc?

- Tásse… do gueto ali! E tu… tásse? - Disse a pita
- Yah! E atão, q se faz?
- Seca, man! Vou levar o pacote à velha que mora ao fundo da track, que tá kuma moka do camano!
- Marado, marado!… Bute ripar uma até lá?
- Epá, má onda, tázaver? A minha cota não curte dessas cenas e põe-me de pildra se me cata…- Dasse, a cota não tá aqui, dama! Bute ripar até à casa da tua velha, até te dou avanço, só naquela da curtição. Sem guita ao barulho nem nada.
- Yah prontes, na boa. Vais levar um baile katéte passas!!!

E lá riparam. Só que o dog enfiou-se por um short no meio do mato e chegou à toca da velha na maior, com bué avanço, tázaver? Manda um toque na porta, a velha “quem é e o camano” e ele “ah e tal, e não sei quê, que eu sou a pita do gorro vermelho, e na na na…”. A velha abre a porta e PIMBA, o dog papa-a toda… Mas mesmo, abre a bocarra e o camano e até chuchou os dedos…O mano chega, vai ao móvel da velha, saca uma shirt assim mêmo à velha que a meca tinha lá, mete uns glasses na tromba e enfia-se no VL… o gajo tava bué marado mêmo, mas a larica era muita e a pita era à maneira, tásaver?

A pita chega, e tal, e malha na porta da velha.

- Basa aí cá pa dentro!
- Grita o dog com a voz abichanada.- Yo velhita, tásse?
- Tásse e tal, cuma moca do camâno… mas na boa…
- Toma esta cena, pa mamares-te toda aí…- Bacano, pa ver se trato esta cena.
- Pá, mica uma cena: pa ké esses baita olhos, man?
- Pá, pa micar melhor a cena, tázaver?
- Yah, yah… E os abanos, bué da bigs, é pa ke?
- Pá, pa poder controlar melhor a cena à volta, tázaver?
- Yah, bacano… e essa cremalheira toda janada e bué big? Pa que é a cena?
- É PA TE CHINAR ESSE CORPO TODO!!! GRRRRRRRR!!!!

E o dog manda-se à pita, naquela mêmo de a engolir, né? Só que a pita dá-lhe à brava na capoeira e saca um back-kick mesmo directo aos tomates do man e basa porta fora! Vai pela rua aos berros e tal, o dog vem atrás e dá-lhe um ganda-baite, pimba, mêmo nas nalgas, e quando vai pa engolir a gaja aparece um meco daqueles que corta as cenas cum serrote, saca de machado e afinfa-lhe mêmo nos cornos. O dog kinou logo ali, o mano china a belly do dog e saca de lá a velha toda cheia da nhanha."
JoCortez

Ina man, e a malta a gregoriar-se toda!...