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sábado, 1 de maio de 2021

O jardineiro psicopata



 Quase todas as modas são estúpidas ainda que quase sempre inofensivas, mas esta moda das roçadoras tem um potencial nefasto. É uma característica dos humanos subverter valores, princípios; transformar remédios em drogas, ferramentas em armas... Uma ferramenta útil, como uma roçadora, nas mãos de um labrego é como a motoserra do Leatherface. Um exército de funcionários equipados com roçadoras e comandados por "engenheiros do ambiente" ou "arquitectos paisagistas" donos de empresas de "jardinagem, limpeza de terrenos, poda e abate de árvores"  pode causar devastações tremendas. Últimamente parece ter havido um bum desses psicopatas ambientais com um aparente ódio gigante por tudo o que é erva e florzinha. Não tenho memória de ver - e ouvir! - tanto gingarelho desses como nesta Primavera. Sim! Desde o início da Primavera! Assim que se dá a explosão de vida, quando a Natureza está a renovar, a reiniciar o ciclo vêm as brigadas de protectores da floresta e arrasam tudo. 

Flores? Abelhas? Polinização? 

Nãã... não faz soar campainhas naquelas cabecinhas.  É mais os cheques a entrar...

E aos palermas dos indignados argumenta-se com a lei. Pois! Há que limpar os terrenos para proteger a floresta dos fogos!...

A tal lei que,  de tão explícita e bem formulada, fez com que cidadãos aterrorizados abatessem árvores de fruto, sobreiros, carvalhos e castanheiros só porque a fita métrica e o português duvidoso do texto da tal lei estavam sincronizados.

Bem sei que este assunto das flores, dos insectos e das árvores (e dos rios, e dos mares) é parte de um todo que tem vindo a resvalar para a estupidez - vai de publicidade enganosa a presidentes da treta - mas, sinceramente, já passou das marcas. E talvez a única forma seja começar pelo mais simples. O cidadão, a flor, a árvore o canteiro da tua praceta, a abelha no meu jardim. E insurgirmo-nos contra a estupidez e o abuso. Contra o gestor incompetente, o político corrupto ou o jardineiro psicopata. E incompetente, também. Porque o gajo que podou as árvores da avenida aprendeu a podar no sítio onde aprendeu a f*d*r. É que as árvores não se queixam, já a mulher dele...