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segunda-feira, 16 de março de 2015

COISAS QUE NÃO PRECISAMOS


- Não precisamos de jornalismo racista.


Sigo o Semanário SOL​ on-line desde que me apercebi que foi um dos poucos jornais a remar contra a maré "acordista" imposta pelo AO90 e por essa razão tenho ajudado a projectar a publicação na web.
 Resistir á destruição da nossa língua é, obviamente fundamental. Mas, por si só, não chega para fazer um bom jornal. Já por algumas vezes chamei a atenção no site da publicação para as cada vez mais frequentes "gralhas" nos textos e uma ou outra "não notícia" esporádica.
 Este post não assinado no Facebook da publicação é o tipo de "notícia" desnecessária e com um texto desnecessáriamente "artilhado" para criar polémicas desnecessárias. 
 Dos 1440 vídeos (alguns brilhantes!) que compõem o trabalho do Público "1440 minutos de um dia normal"(http://www.publico.pt/portugal/noticia/1440-minutos-de-um-dia-normal-1689144), o jornalista do SOL conseguiu destacar este, e só este.
 Como se pode ler no texto original do Público, aliás reproduzido no post:
 "(...)Neste minuto, dois seguranças privados espancam um homem bêbado na rua enquanto outros três controlam a situação".

O jornalista do SOL achou por bem clarificar:
"(...) o Público filmou dois seguranças privados a agredirem com grande violência um jovem negro na "rua cor-de-rosa (...)".

Parabéns pela "clarificação"!

Eu já tinha visto o vídeo ao espreitar o artigo do Público e além de não me chamar a atenção (é um minuto como tantos outros nas noites de qualquer cidade), na altura não reparei na côr dos envolvidos. Reparei apenas num indivíduo aparentemente embriagado (muito) e conflituoso (muito) e um segurança bruto (muito), como infelizmente acontece (muito) cada vez mais em locais do género.
É uma não notícia, ponto!
Enquadra-se num dos 1440 minutos de um dia normal, mas não é notícia! Especialmente se a "notícia" é tendenciosa e inflamatória.

Senhores jornalistas, o mundo já é suficientemente feio sem que seja preciso os mídia borrarem mais as cores.

Jorge Beirão 

sexta-feira, 6 de março de 2015

"Estado Islâmico" destrói com bulldozer cidade histórica do Iraque

NIMROUD



Nimroud, uma cidade fundada no século XIII antes de Cristo, está localizada junto ao rio Tigre, a cerca de 30 quilómetros de Mossul, a grande cidade do norte do Iraque, controlada pelo Estado Islâmico desde Junho.





Os 'jihadistas' "tomaram de assalto a cidade histórica de Nimroud e começaram a destrui-la, com bulldozers", disse o Ministério do Turismo e Antiguidades na sua página oficial do Facebook.
Um responsável do ministério confirmou, sob anonimato, que até ao momento, não é possível "medir a amplitude dos danos".

Definitivamente, alguém arranjou uma forma de apagar o rasto das nossas origens pondo a culpa em fundamentalismos de vária ordem. E parece fazer parte de uma estratégia alargada que há muito tempo vem sendo "operacionalizada".

Não querendo recuar muito no tempo, podemos frizar apenas mais alguns episódios "bem sucedidos":

- Barragem do Assuão



Considerada uma das maravilhas do mundo, esta barragem deu origem ao lago Nasser que, com cerca de 600 Km de extenção afogou todos os vestígios do passado existententes nesta área da antiga Núbia, à "excepção" dos templos de Abu Simbel, do tempo de Ramsés II (sec XIII a.C.) que foram "transferidos", na década de 1960, para fora do alcance das águas da albufeira. Podemos apenas imaginar o que este sem dúvida grandioso feito da engenharia terá feito ao local original e o que poderá ter sido "sonegado" no processo. Tendo em atenção que o próprio complexo Abu Simbel ficou enterrado e esquecido durante séculos, até Burckhardt ter tropeçado no friso do topo do palácio de Ramsés, em 1813, ter descoberto a entrada em 1817 e ter de lá retirado tudo o que considerou ter valor, quantos outros testemunhos do passado nunca descobertos estarão agora no fundo do lago Nasser?

- Budas gigantes de Bamyan



Montanhas de Bamiyan, um vilarejo bucólico localizado na antiga Rota da Seda, que ligava a China e a Índia.

Março de 2001, por ordem do governo fundamentalista taliban, foram destruídas as gigantescas estátuas dos Budas de Bamiyan - a maior das quais tinha 53 metros de altura e era o buda mais alto do mundo - que haviam sido escavadas em nichos na rocha, por volta do século V. Actualmente as figuras dos dois Budas gigantes estão quase completamente destruídas, os seus contornos e algumas feições mal são ainda reconhecíveis entre os restos.


- Túmulo de Jonas




A mesquita em honra ao profeta Yunus (Jonas) em Mossul, destruída em Julho por terroristas do Estado Islâmico. / REUTERS



- Aniquilar a cultura yazidi


Não são apenas pedras. “A destruição do património cultural e arqueológico acaba com a diversidade que caracteriza o tecido social iraquiano”, declararou Mary Shaer, directora de projectos da Unesco para o Iraque. Os terroristas do Estado Islâmico (EI) sabem disso. Entre seus primeiros objectivos estiveram as mesquitas xiitas de Mossul e Tel Afar; depois veio a retirada de uma estátua da Virgem de uma igreja de Mossul e a destruição do templo Yazidi das Três Irmãs em Bashiqa e do templo Mazar Yad Gar, da religião kaka’i, em Hamdaniya.



Impõe-se perguntar quem será esta gente/pessoa/entidade tão esforçadamente empenhada em esconder as origens desta civilização? Aliás, não sendo tacanhos, temos que reconhecer que se trata de apagar os traços de várias civilizações. Mais, trata-se de apagar vestígios da origem do Homo Sapiens, como pomposamente nos auto-denominámos e cada vez mais reduzir-nos à condição de Homo Ignorantis onde parece termos natural tendência em vingar e prosperar... ou talvez definar.